Dia desses, depois de mais de seis anos vivendo na Barra Funda, tomei coragem para visitar as Perdizes. Em tantos anos morando ao lado deste lugar distante eu sempre achei mais perto ir para Diadema, Brasilândia, Itaim.
Tem também um tanto de portais, catracas e cancelas que impediram cruzar esta fronteira ao longo deste tempo. Eu já tinha ido lá, mas só para resolver compromisso urgente, correndo pra passar despercebida.
Desta vez fiz diferente. Andei pelas calçadas como quem chega em cidade nova, registrando onde fica o banco, a sorveteria. Lendo os nomes: Ilhas de Capri, Elites, Brasilidades, Jóias desenhando as fachadas. Aprendendo o ônibus que vai e que volta mais rápido, desgostando das ladeiras, dando bom dia aos donos das bancas de jornais.
Até que senti vontade de correr, correr pelas ruas das Perdizes, dar risada, gargalhar dos nomes dos lugares que eu só consegui ler agora, depois de anos exercitando os músculos que mantém a cabeça ereta e os olhos na altura do horizonte.
Tomei o ônibus azul, para a Casa Verde. Paguei passagem, virei a roleta e sentei atenta ao ponto que é logo ali do lado. Da Pacaembu voltei andando pra casa. Agradecida de mais um caminho aberto.